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Por Nycolle Soares.

É uma honra pra mim poder abrir o mês do advogado com o meu artigo sobre a Advocacia, já que em agosto, como era de se esperar, esse tema irá se repetir em nossos posts e artigos. O mais interessante é que mesmo com a repetição do tema, tenho certeza de que os vários olhares que cada um irá trazer sobre o assunto fará com que cada artigo seja absolutamente único e interessante por si só.

Sempre digo que nasci advogada e a vida me profissionalizou. A tendência natural de sempre lutar pela causa que acredito é uma característica que me acompanha desde a mais tenra idade. O engraçado é que durante a vida os caminhos que se apresentam são muitos e em alguns momentos chegam a nos confundir, apesar disso, a minha escolha pela advocacia foi quase que algo magnético.

A vida dentro de um escritório em meio aos telefonemas, petições, reuniões e atendimentos, por mais cansativa que fosse, sempre me deixou com brilho nos olhos. Mais engajada ainda eu fiquei quando, com o passar do tempo, a advocacia me levou para lugares em que, via de regra, não se imagina que um advogado precise estar. Estive em lavouras, indústrias, hospitais, shows, grandes eventos ligados ao entretenimento e, tudo isso, a trabalho.

A mágica da advocacia é o fato de que o Direito está impregnado em todas as relações humanas e, por isso, não há como existir a vida em sociedade sem que o direito não esteja se manifestando a todo tempo. Acompanhando esse fluxo, o advogado precisa estar onde a vida acontece e essa perspectiva de sair da mesa do escritório para ganhar o mundo exercendo uma profissão que parecia inerte, a quebra de paradigmas, a possibilidade e a necessidade de reinvenção todos os dias, fizeram com que eu definitivamente escolhesse a Advocacia não só como profissão, mas como um estilo de vida.

Chamo de estilo de vida já que, principalmente no momento social em que nos encontramos, é quase impossível nos desvencilharmos da nossa benção que muitas vezes se torna um fardo, de entendermos como a sociedade se organiza e como ela deveria funcionar e, nesse mesmo sentido, entender e sentir que ainda temos um longo caminho a percorrer.

Em meio a todas essas questões quase que filosóficas, existe o dia a dia desafiador e complicado de quem escolheu a advocacia como ofício ou foi escolhido por ela como um de seus sacerdotes. No mundo da conexão, a quantidade de informações e a soma dos fatores absolutamente variáveis a que somos submetidos para cada tomada de decisão, emergem todos os dias como uma enorme onda, que só aqueles que estão preparados são capazes de ultrapassar.

Lidamos o tempo todo com pessoas, tomamos decisões capazes de interferir no curso da vida de muitas delas, conflitos que aparentemente se apresentam como simples mas que na verdade são questões delicadas e complexas, além do que entre um atendimento e outro os prazos não param. Os prazos se tornam nosso modo de viver, cronometrado, marcado, determinado e entre um e outro que vence, tudo pode acontecer.

É quase impossível contar que naquele dia que você esperava ter todo o expediente para estudar e peticionar não acontecerá algo inesperado, do sistema fora do ar ao cliente que aparece no escritório com uma manifestação a ser feita no último dia antes da prescrição, praticamente tudo é possível.

E nesse movimento que pra muitos pode parecer frenético e muitas vezes caótico, eu encontrei a minha paz, meu ritmo descompassado de quem acredita que a vida só vale ser vivida se estamos a todo tempo realizando algo.

A advocacia nos entrega esse presente, já que somos agentes o tempo todo e não apenas quando provocados. Nós buscamos, inovamos, alteramos, revertemos e pleiteamos. Propomos, impetramos, ajuizamos e protocolizamos. Buscamos a conclusão, a prolação e a concessão. Não nos detemos com a negativa, com a demora e com o descaso. Somos a própria ação em movimento, somos os que não temem a mudança pois mudamos também. Somos os que carregam dentro de si o anseio pelo melhor, o que chamam pra si a responsabilidade de agir.

Eu não saberia viver de outro modo, poder ter uma profissão em que há paixão é uma das grandes dádivas da vida e, assim, o aperfeiçoamento nunca é uma tarefa pesada, é sempre um anseio, pois ser melhor naquilo que se ama fazer é a representação máxima de poder viver sempre em evolução, algo imprescindível na advocacia.